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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Tereza

Eu encontrei esta carta, escrita à mão com caneta preta, letra cursiva, não sei a quem era endereçada:


“Olá. Eu me chamo Tereza, tenho 49 anos e gostaria de contar sobre o que tem me acontecido nos últimos dias. Preciso muito de ajuda.

Eu moro em um bairro de periferia, numa casa de três cômodos com meu filho, de oito anos. Ele é fruto de um relacionamento que tive com um homem que me abandonou quando eu estava grávida. Ele queria que eu não tivesse a criança, mas eu quis ter e ele me abandonou. Depois que isso aconteceu eu nunca mais foi a mesma. Nunca mais consegui sorrir da mesma forma. Eu sofro muito pelo meu filho, que sei que nunca vai conhecer o próprio pai.

Trabalho em uma escola, como cozinheira. Fica muito longe da minha casa, então eu acordo todos os dias às cinco da manhã, me arrumo, arrumo um café com pão para o meu filho e vou caminhando até o ponto de ônibus. Meu filho só vai pra escola as sete.

Acontece que de uns vinte dias para cá, sempre que eu passava por uma das ruas para eu chegar no ponto de ônibus, um homem ficava me olhando, da janela de uma das casas de madeira. No começo eu não ligava, mas comecei a ficar assustada. Ele me fitava cada dia mais. Até me sinto um pouco envergonhada em escrever isso, mas parecia que ele queria me engolir.

De uma semana pra cá esse homem começou a me seguir. Toda vez que dobro uma das ruas – a uns três quarteirões da casa dele, ele surge atrás de mim, e vai me seguindo até o ponto de ônibus. Eu estremeço. Eu fico tão nervosa que não consigo nem andar mais rápido, nem ralhar com ele. E é por isso que eu estou escrevendo. Preciso muito da ajuda de vocês. Eu pensei que isso nunca mais fosse acontecer comigo, pensei que havia virado uma pedra. Mas eu estou completamente apaixonada por este homem. Só consigo pensar nele. Faço todas as merendas pensando nele. O que eu posso fazer para conquistá-lo, para falar com ele? Me sinto muito envergonhada em escrever isso, imagino meu filho lendo, mas, o que eu posso fazer para ele me agarrar de vez? Preciso de ajuda. Aguardo uma resposta. Estou louca por ele. Me ajudem.”
5 Somos Bem Normais: Tereza Eu encontrei esta carta, escrita à mão com caneta preta, letra cursiva, não sei a quem era endereçada: “Olá. Eu me chamo Tereza, tenho 49 ...

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