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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Que delícia




Eu estava morta de cansada. Tinha trabalhado o dia inteiro, foi um pouco estressante. Você precisa beber, a Sílvia falou. Vamos tomar um chope, amiga, você está precisando, olha a sua carinha de cansada! Hoje não, Sílvia, obrigada.

"Ah, hoje vai ter, né? Nada melhor pra relaxar." E deu uma risadinha. 

A Sílvia estava certa, aquele dia iria ter. Minhas amigas me achavam a maior safada, volta e meia eu aparecia no trabalho com alguma marquinha. Eram "marquinhas" porque eu escondia muito bem com o pó compacto que eu ganhei de aniversário do meu marido.

"Sim, amiga... hoje vai ter." E dei uma risadinha. Em meia hora eu estaria batendo o meu cartão.

Dezoito horas, cartão-ponto batido, eu estava no carro, dirigindo para casa, imaginando tudo o que eu faria assim que eu chegasse: a banheira, os sais, o sabonete líquido, a toalha felpuda, os cremes hidratantes. Mil vezes melhor do que o chopp com a Sílvia, coitada. O casamento dela é um porre.

Apartamento quatrocentos e três. Entrei pelo estacionamento, fechei o carro, peguei o elevador, abri a porta de casa.

Cheguei. Esse sempre foi o melhor momento da minha rotina.

Tirei os saltos, a saia, a blusa, o sutiã, a calcinha. Fui direto para o banheiro. Removi a maquiagem (gosto de tirar o excesso antes de entrar na banheira). 

Liguei a água, joguei os sais de banho. Preparei minha esponja relaxante e meu sabonete líquido. Foi um banho fantástico. Passei a esponja e o sabonete líquido pelas minhas pernas, ombros e pescoço, deslizando em movimentos lentos e suaves. Lavei meus cabelos com um shampoo maravilhoso. 

A toalha absorvia cada gota de água do meu corpo - foi um banho fantástico -, eu adorava me secar de frente ao espelho do quarto, me assistindo da cabeça aos pés, observando meus detalhes, minhas curvas, minha nudez.

Era a vez do hidratante. Derramei o líquido em minhas mãos e comecei a me massagear lentamente. Pés, panturrilhas, coxas, barriga, peitos, ombros, pescoço, braços. Minhas mãos continuavam muito hidratadas. Que delícia. Me sentei na cama com as pernas abertas e comecei a acariciar as minhas virilhas. Isso me causava arrepios indescritíveis. Meus mamilos se entumeceram e eu passei a acariciá-los. Mão esquerda no mamilo esquerdo, mão direita na virilha direita. E vice-versa. É impossível conter minha respiração e minha voz. Que delícia. Eu não conseguia parar. Já estava completamente molhada quando ouvi o barulho da chave na porta.

“Oi.”

Meu marido havia chegado.

“Você está aí? Cadê você?”

Fingi que não ouvi nada e continuei. Aquilo estava me levando à loucura. Minhas pernas tremiam, eu me olhava no espelho e soltava gemidos.

“Que porra é essa? Sua puta!”

O meu marido era um anjo. Só tinha um problema. Ele bebia e se transformava. Nem precisava beber muito, alguns copos e ele já virava outra pessoa. Tinha ciúmes de tudo. Até de mim mesma. Ele entrou no quarto e me viu naquele estado. Ficou enfurecido, me pegou pelos cabelos e distribuiu uns quatro ou cinco tapas na minha cara. Meu rosto ficou fervendo, pensei que meu coração ia sair pela boca.

“Eu já falei pra você que eu não quero que você faça essa merda nunca mais. Puta! Agora vai pro banho se lavar. Que merda.”

Eu comecei a chorar baixinho, olhei pro chão e me levantei. Corri direto para o banheiro e me tranquei lá. Enquanto eu ouvia o meu marido gritar “porca, puta, cachorra” e dar socos nas paredes, eu terminei o que havia começado, passando minhas mãos macias pelo meu rosto marcado. Que delícia.
5 Somos Bem Normais: Que delícia Eu estava morta de cansada. Tinha trabalhado o dia inteiro, foi um pouco estressante. Você precisa beber, a Sílvia falou. Vamos tom...

Um comentário:

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