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quinta-feira, 16 de maio de 2013

O lobo e os cordeiros

texto lido na recepção de calouros da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Eu sou o lobo. E daqui de cima eu consigo ver os cordeiros, as ovelhas. Desatentas, calmas e tranquilas, elas não parecem apresentar maiores complicações a não ser aguardar que o pastor, que é dono de cada uma delas, lhes mande ir para outro lugar. 

A vida para as ovelhas é simples. Basta a elas comerem o pasto que está à disposição, beberem e sujarem a água que lhes é oferecida e só. Elas não precisam se preocupar em sair de seus lugares. Elas não podem ir muito avante. Mas é para o bem delas. O cercado protege dos perigos da vida.

Por isso elas engordam. Parecem coradas, bonitas. Daqui de cima a lã das ovelhas parece muito macia.

Eu, o lobo, sou magro. E devo estar atento. Eu nunca sei quando posso ser atacado por um urso, por um tigre. Ou pior: pelo dono das ovelhas. Sou magro, pois preciso percorrer longos caminhos em busca da minha sobrevivência, da minha permanência nesse lugar. Se estou parado, me preocupo. Não tenho cercas que me protegem, supostamente, dos perigos da vida. Prefiro me movimentar.

Por isso eu sou magro, pareço pálido, cinzento. Aqui onde estou não posso cometer grandes erros.

As ovelhas, além de tudo, parecem dormir muito bem. O ócio mental e físico lhes serve como terapia.

Eu, lobo, durmo mal. Não consigo relaxar no ambiente em que me encontro. Tenho que estar sempre alerta. Nunca sei quando o destino me mostrará a sua última face. Eu costumo dormir mal.

As ovelhas parecem bem. Mas eu, o lobo, o mau, o réu confesso, o magro, não me aflijo. Pois sei que tenho razão. Eu não ando na linha porque eu sou a contramão.
5 Somos Bem Normais: O lobo e os cordeiros texto lido na recepção de calouros da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Eu sou o lobo. E daqui de cima eu consigo ver os cord...

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