Eu estava completamente ensanguentada. Não conseguia erguer a minha
cabeça para ver meu corpo, mas eu o sentia. Sentia minhas pernas abertas
e aquele líquido espesso e vermelho por toda a parte. Já sentia o
cheiro ferroso na minha cama. Como ele pode fazer isso? Me deixar nesse
estado. Completamente ensanguentada, fraca, degradada.
Era como se eu tivesse sofrido uma série de descargas elétricas, meu
corpo ainda pulsava. Meus pulsos sentiam a dor de ter sido amarrada. Dor
que não se concentrava apenas ali: meu útero reclamava, também. Meu
rosto estava marcado com a série de tapas que recebi. Como ele pode
fazer isso? Nunca pensei que ficaria nesse estado. Me sentia
inutilizável. Perdida nas minhas próprias marcas, perdida no meu corpo
cheio de sangue.
Eu olho para o lado. Ninguém está comigo. O quarto, abafado, fazia o
sangue parecer mais forte ainda. E minha pele completamente marcada. As
marcas dele ainda estão ali. E a sua voz ainda vem em ecos na minha
cabeça, seus urros. A dor me consome, meu corpo ainda pulsa e estou
jogada numa cama. Ensanguentada. Olho para o lado novamente e ele entra
no quarto. Olha para mim. Eu falo pra ele, com a voz enfraquecida por
tudo o que sofri, espaçada pela minha respiração, com os olhos
semicerrados, as pernas ainda jogadas na cama, o sangue para todo o
lado: eu nunca pensei que você fosse fazer isso comigo. Você é maluco.
Nunca pensei que você fosse me foder assim. Menstruada. Eu te amo, meu
amor. Foi a melhor tarde da minha vida.
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