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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Uma violência




Eu estava completamente ensanguentada. Não conseguia erguer a minha cabeça para ver meu corpo, mas eu o sentia. Sentia minhas pernas abertas e aquele líquido espesso e vermelho por toda a parte. Já sentia o cheiro ferroso na minha cama. Como ele pode fazer isso? Me deixar nesse estado. Completamente ensanguentada, fraca, degradada.

Era como se eu tivesse sofrido uma série de descargas elétricas, meu corpo ainda pulsava. Meus pulsos sentiam a dor de ter sido amarrada. Dor que não se concentrava apenas ali: meu útero reclamava, também. Meu rosto estava marcado com a série de tapas que recebi. Como ele pode fazer isso? Nunca pensei que ficaria nesse estado. Me sentia inutilizável. Perdida nas minhas próprias marcas, perdida no meu corpo cheio de sangue.

Eu olho para o lado. Ninguém está comigo. O quarto, abafado, fazia o sangue parecer mais forte ainda. E minha pele completamente marcada. As marcas dele ainda estão ali. E a sua voz ainda vem em ecos na minha cabeça, seus urros. A dor me consome, meu corpo ainda pulsa e estou jogada numa cama. Ensanguentada. Olho para o lado novamente e ele entra no quarto. Olha para mim. Eu falo pra ele, com a voz enfraquecida por tudo o que sofri, espaçada pela minha respiração, com os olhos semicerrados, as pernas ainda jogadas na cama, o sangue para todo o lado: eu nunca pensei que você fosse fazer isso comigo. Você é maluco. Nunca pensei que você fosse me foder assim. Menstruada. Eu te amo, meu amor. Foi a melhor tarde da minha vida.
5 Somos Bem Normais: Uma violência Eu estava completamente ensanguentada. Não conseguia erguer a minha cabeça para ver meu corpo, mas eu o sentia. Sentia minhas perna...

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